domingo, 2 de julho de 2017

MEMÓRIAS DO ATLETISMO - JOAQUIM BRANCO



MEMÓRIAS DO ATLETISMO - (I)

OS NOSSOS HERÓIS - JOAQUIM BRANCO

(por Egas Branco)

Foi no início dos anos 80, quando começámos a praticar Atletismo, especialidade Corrida, como amadores, que conhecemos o Joaquim Branco, grande atleta dos anos 40 e 50, então com 56 anos (nascido na Pampilhosa da Serra, em Janeiro de 1924). Ele fazia os seus treinos nos terrenos anexos ao Estádio Nacional, actualmente Estádio do Jamor, num percurso muito próprio, em trilhos através das matas circundantes ao estádio, que passámos a denominar a partir daí como o percurso do Joaquim Branco. Foi, pode-se dizer, um verdadeiro precursor do chamado "trail".

E com ele aprendemos alguns das regras básicas para quem se inicia nessa apaixonante modalidade desportiva que é a Corrida de Fundo, embora Joaquim Branco tivesse sido principalmente um meio-fundista, recordista nacional, julgo que em todas as distâncias de 800 a 5000 metros, caso único na história do Atletismo Português! E campeão nacional algumas delas, nomeadamente 1500 e 5000 m.

Quando o conhecemos era um atleta veterano que não participava em provas, apenas tendo como objectivo praticar a sua modalidade desportiva preferida, correr.

Foi inclusive ele, então também massagista, que tratou das nossas primeiras lesões na corrida, que aconteceram apesar do Joaquim Branco repetidamente nos dizer: saber escutar o corpo e parar se houver problema ou esforço a mais. Daí provavelmente também a sua longevidade como desportista. 

A última notícia que temos dele data de uma entrevista que concedeu ao Record, em 7-Dez-2011. Na Net não encontrámos infelizmente mais nada.

Mas para nós vai ficar sempre como o grande atleta que admirávamos (e eu cheguei a ver correr) e do homem generoso e simples que gostava de ajudar os mais novos. Quando o conhecemos, aos 56 anos, usava uma farta cabeleira postiça, praticamente branca, que nunca gostava de abandonar, nem quando corria, mesmo estando calor. Também nunca nos atrevemos a perguntar-lhe a razão do uso. Mas não era um homem de modas.